Não, as pessoas não perderam a fé nem ignoraram o Santo padroeiro. A ausência da típica praça lotada de fieis e do gostoso clima de trezena/São João se deve as medidas de contenção populacional instauradas em todo o Brasil com a finalidade de combater o novo coronavírus – COVID-19. Neste ano atípico na história, a praça enfeitada de bandeirolas dá lugar ao sofá ornamentado com o amor e o entusiasmo de quem mantém firme a sua fé, mesmo quando o barco sacoleja em águas raivosas; o andor que outrora percorria as ruas da cidade, seguido por uma procissão devota, agora percorre as avenidas de nossas almas ainda inconformadas pelo distanciamento que deforma a maior característica do cristão, o ser comunidade, aquela comunidade descrita em Atos 2, 42 como “um grupo de fiéis ao ensinamento dos apóstolos. Fiéis na comunhão fraterna, nas orações diárias, no templo, em casa, na fração do pão”.
Nos bancos das igrejas, no lugar de nossos corpos estão as fotos das famílias cristãs representando a igreja doméstica que, como nunca, se reúnem em frente as telas de computadores, televisões e smartphones para oferecer o silêncio verbal dos cânticos e orações e o inevitável desapontamento de não poderem estar unidas aos poucos a quem ainda é permitido presenciar o sacrifício, como João e Maria na tarde da Paixão. Somos, por hora, a multidão que observava de longe a salvação acontecer; as mulheres que cozinhavam e preparavam a Santa Ceia no andar de baixo, enquanto os apóstolos comiam o pão das mãos do Senhor.
Agora, nossas fidelidade e comunhão saem da esfera física e se assentam no contato espiritual. Todas as noites pelo Facebook da Catedral de Santo Antônio, pelo Instagram e pelo YouTube, as missas festivas estão sendo transmitidas, tal qual nos anos anteriores, com a presença dos padres da diocese, com a colaboração dos patrocinadores e com a quermesse. Sim, a quermesse continua de um jeito novo, sem comidas típicas e refrigerante. Ao invés disso, você pode doar o valor referente a uma torta, creme de galinha, fardo de refrigerante, baião de dois e outros, além de fazer sua doação de coração. É a trezena da força, da persistência, da resiliência, da insistência em ser igreja mesmo quando as condições tentam nos impedir de louvar àquele que nos deu a vida.
Que Santo Antônio e Nossa Senhora Aparecida intercedam fervorosamente a Deus para que esta tempestade passe e não volte nunca mais, e que no próximo ano possamos estar reunidos, de mãos dadas, sem distanciamento, sem medo uns dos outros, para celebrar a vida e a promessa de uma igreja unida e imortal feita em Mt. 16, 18: “e as portas do inferno jamais prevalecerão contra ela”. Uma feliz e santa trezena!
Por: PASCOM – DIOCESE DE SALGUEIRO