Uma sociedade justa «reconhece como primário o direito à vida desde a concepção até ao seu fim natural». Recordando-o aos participantes no congresso promovido pela associação Scienza & Vita — recebidos em audiência na manhã de 30 de Maio na sala Clementina — o Papa reiterou que «o grau de progresso de uma civilização se mede pela capacidade de preservar a vida, sobretudo nas suas fases mais frágeis».
Para o Pontífice, a tutela da vida representa hoje «uma tarefa fundamental», sobretudo numa sociedade marcada pela cultura do descartável. A lógica do amor, frisou, «leva-nos a ser servidores das crianças e dos idosos, de cada homem e mulher, aos quais deve ser reconhecido o direito primordial à vida». É nesta perspectiva que a ciência se deve pôr: ela é por vocação «um saber ao serviço da vida» e quando perde tal dimensão está condenada a tornar-se «estéril». Por isso, o Papa convidou a «manter alto o olhar sobre a sacralidade de cada pessoa humana, para que a ciência esteja verdadeiramente ao serviço do homem, e não o homem ao serviço da ciência».
A centralidade do homem exige atenção contínua a todos os atentados contra a vida. «É atentado à vida — recordou Francisco — o flagelo do aborto. É atentado à vida deixar morrer os nossos irmãos nas embarcações no canal da Sicília. É atentado à vida a morte no trabalho porque não se respeitam as mínimas condições de segurança». E ainda: «É atentado à vida a morte por subalimentação. São atentados à vida o terrorismo, a guerra, a violência, a eutanásia», pois «amar a vida exige sempre cuidar do outro, desejar o seu bem, respeitar a sua dignidade transcendente».
Uma evocação que serviu de fio condutor também durante o emocionante encontro na tarde de 29 de Maio com um grupo de crianças doentes, recebidas na capela de Santa Marta. Falando sobre o mistério do sofrimentos dos pequeninos, o Pontífice voltou a condenar a cultura do descartável e recordou que a supressão da vida mediante o aborto nunca é uma solução.
Fonte: L’Osservatore Romano